Submissão de comunicações


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As formas de consciência religiosa – desde as locais e ancestrais às chegadas a África pela mão de colonos – podem encerrar uma síntese da história humana. Em contexto colonial, as consciências religiosas tiveram de lidar consigo mesmas, isto é, com a sua utilidade na conformação da relação entre colonos e colonizados nas múltiplas situações coloniais. O colonialismo e as mudanças na era pós-colonial puseram em causa o universalismo da mensagem de algumas religiões, mormente das que foram veículo de valores ditos ocidentais, que, em todo o caso, tiveram um papel relevante na progressiva afirmação dos colonizados.

Em diferentes contextos e sob diversas formas, por indução de missionários europeus e africanos, a catequização e a conversão foram, inadvertidamente ou não, veículos de criação de consciência individualista e, subsequentemente, política, a maior parte das vezes no sentido anticolonial. Mesmo se não orientada para a luta nacionalista, a resistência anticolonial em nome de imperativos religiosos – pregados por religiosos africanos – não terá sido menos significativa na corrosão das certezas de colonos. Por força do manejo africano das mensagens religiosas, nem sempre a dominação colonialista (e, também, as formas de sujeição vigentes após as independências) correspondeu à subalternização espiritual dos africanos ou colonizados.

Todavia, nem por isso as consciências ou visões religiosas deixaram de ser instrumentalizadas, além de terem sido sobranceiramente depreciadas por líderes nacionalistas, que, imbuídos de uma fé profana nos seus próprios lemas políticos, as acusavam de serem veículo de alienação e de sujeição.

Depois de terem sido objeto de ataque cerrado de arautos dos novos credos libertadores – como as ideologias –, as consciências religiosas sobreviveram a vicissitudes e a provações políticas, enquanto as ideologias caíam fragorosamente. Não raro, dirigentes políticos alijaram a ideologia, trocando-a pelo pragmatismo ou pelo autoritarismo, amparados, quando possível e crível, pela invocação do divino.

Atualmente, feitas um trunfo político em várias partes do mundo, as crenças religiosas vêm condicionando, sob múltiplas formas, os desígnios políticos na África independente, mormente nas antigas colónias portuguesas. Se, nalguma medida, as crenças e as consciências religiosas dependem das contingências da deriva das sociedades, também não deixam de se ancorar na experiência histórica, por vezes, contra, o colonialismo.

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Para este Congresso Internacional – As Consciências Religiosas perante o Colonialismo: Vivências e Legados, aceitar-se-ão propostas que desvendem a multiplicidade das vivências religiosas no quadro colonial, dos seus usos políticos e sociais conducentes a diversas atitudes, desde a aceitação à recusa da situação colonial.

Aceitar-se-ão igualmente propostas que avaliem as heranças religiosas na evolução política do pós-independência, no qual, frequentemente, atores e instituições políticas tenderam, implicitamente, a replicar procedimentos similares aos religiosos, outrora criticados, para lograrem a imposição de suas verdades.

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Aceitam-se propostas de comunicações a realizar remotamente, via Zoom.

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            As propostas de comunicação, em DOCX, entre 180 a 200 palavras, deverão ser enviadas para o e-mail religcolon24@mail.com até ao dia 21 de outubro de 2023.

Sem pagamento de inscrição, os custos de participação correm por conta dos participantes.


Línguas de trabalho

  • Português, castelhano, francês e inglês

Eixos temáticos

  • Consciências religiosas e guerras
  • Independências e ideologias versus crenças e práticas religiosas
  • Igreja a favor do colonialismo – da civilização ao lusotropicalismo.
  • Críticas religiosas ao colonialismo português
  • Consciências religiosas e guerras de libertação/descolonização
  • Os bispos portugueses e o colonialismo
  • O colonialismo português, a fé e as independências  – o bispo D. Sebastião Soares de Resende, sua história e suas influências
  • Movimentos de libertação, igrejas e religião
  • A Igreja na transição para as independências
  • Tipologias das consciências religiosas em situação colonial
  • Memórias e heranças das práticas religiosas em contexto colonial e do colonialismo nas atuais igrejas